sexta-feira, 15 de março de 2013

Dāna-pāramitā - Giving perfection



No budismo, como em quase todas as filosofias e religiões que visam o crescimento espiritual da Humanidade, a generosidade (Dana em pali) é uma das nobres qualidades a cultivar.  E dar não é restritivo a bens materiais, pois inclui o nosso tempo, a nossa disponibilidade afectiva, etc.

Existem três praticas essenciais de generosidade:

- Dar o que temos em excesso ou já não nos faz falta-
Tudo o que pode estar obsoleto na nossa vida pode ser util a outro ser humano que esteja em condições diferentes das nossas. Roupas que já colocamos de parte há varias estações, coisas que ocupam o nosso espaço e tempo e também não permitem que novas energias entrem nas nossas vidas, renovando a nossa existência  Dar o que temos em excesso ou já não nos faz falta é um duplo ato de generosidade: para quem recebe, e para nós que nos damos a oportunidade de viver uma vida mais sã.

-Dar para além dos laços de sangue e de amizade-
Quando olhamos para os outros como seres humanos iguais a nós e partilhamos aquilo que temos de coração aberto é uma emoção espantosa e transformadora. Já me aconteceu , nas urgências  partilhar as bolachas que comprara para o meu filho com outra criança, sem pensar se era meu ou não, apenas por ser uma criança, que como o meu filho poderia já estar com fome. 
Mas a melhor que me aconteceu foi estar numa fila de supermercado e à minha frente estar um senhor de idade a quem faltavam 61 centimos para pagar a sua conta (agua, alguns itens simples alimentares). Despejei o " cascalho" de moedas "pretas" na minha mão e tinha exatamente esse valor. Dei o dinheiro à senhora da caixa que olhou para mim espantada ( tenho visto muita vezes que os atos de boa vontade geram mais espanto do que os atos de maldade). Achei que aquilo era um sinal...Qual era a probabilidade da soma daquelas pequenas moedinhas ser o exato valor que o senhor precisava?!

-Generosidade imperial-
Quando damos aquilo que é mais importante para nós , que nos engrandeceu, nos fez feliz, ou nos privamos disso em detrimento de outro, praticamos a generosidade como reis e rainhas , a generosidade imperial.
Quem tem filhos , pratica-a diariamente, acho eu... Apanhamos chuva para protege-los bem das tempestades, damos-lhes o melhor de tudo o que temos sem pensar duas vezes...Foi isso que os meus pais fizeram por mim...é isto que faço pelos meus filhos...
Acho que só um grande amor, à vida, aos outros, nos permite ter estes atos de generosidade tão grandiosos, em que a felicidade dos outros é tão forte e tão importante que a sentimos como nossa, só por poder dar...

E como diz um dos meus mestres espirituais: sempre que sentir um impulso para ser generoso, não hesite, não se deixe contaminar pelo medo ou pelas convenções...É o que temos de mais humano...e de mais divino...

E sem querer se enaltecer, sinta a alegria de ser generoso, de ser bom, porque muitas vezes somos tão autocriticos que nos esquecemos de olhar também para a nossa luz e para o efeito positivo que podemos ter na vida dos outros...


2 comentários:

Anônimo disse...

Faz-te bem estar a "descansar". Faz te olhar para as coisas verdadeiramente importantes nesta vida.
Dar, sem olhar a "quem" ou ao "quê", dar-nos a nós próprio, ao outro, mesmo sem conhecê-los, é das mais belas sensações que a vida nos reserva.
Quem nunca o fez, que experimente, e aposto nunca mais quererá outra coisa :)
Beijinho, cheio de luz...

Liilavati disse...

Sem dúvida! :D Beijinhos, meu grande amigo...

Greatness Within

  “Protegei-me da sabedoria que não chora, da filosofia que não ri e da grandeza que não se inclina perante as crianças.”  Khalil Gibran