Paris é uma cidade singular, em beleza, simpatia e cultura. Fiquei completamente encantada com a gentileza dos Parisienses com as ruelas acolhedoras, os predios antigos e os monumentos imponentes. Tantos outros turistas, como nós transitavam descontraidamente a admirar aquela linda cidade. Trocamos maquinas fotograficas para fazer as fotos de grupo, desenferrujamos o frances, experimentamos as iguarias locais...Nem em Londres presenciei tal mescla cultural e etnica. Negros, asiaticos, caucasianos, elegantes, a partilharem uma cidade iluminada de tanto esplendor.
Ir ao Louvre, caminhar entre os Grandes, foi uma experiencia unica e avassaladora de tanta emoção...Todo o edificio é uma incrivel homenagem à grandiosidade e genio humano, o expoente maximo do que a criatividade humana é capaz de dar forma. Inspiradora, em todos os momentos, Paris... Romantica, encantadora...
Na sexta-feira encontrei uma lojinha de artesanato tibetano onde me deliciei com tantas coisas lindas , cheias de presença e espiritualidade, completamente inacessiveis no meu quotidiano...Escolhi algumas, com uma imensa vontade de levar a loja toda para casa! E encontrei algo que procurava à tanto tempo sem sucesso, as bandeiras de oração. Os budistas tem uns conceitos muito interessantes. Um misto de sentido pratico e ao mesmo tempo com um toque de misticismo. As bandeira de oração , sao pequenos tecidos com mantras sagrados , orações de felicidade, prosperidade, harmonia, saude para todos os seres, que , ao serem sopradas pelo vento, espalham essas intenções pelos quatro quadrantes.Acho fascinante...A intenção deliberada de espalhar amor, harmonia... A senhora da loja perguntou quantas queria levar...Respondi que um conjunto era suficiente. E ela a sorrir respondeu: "Nunca é suficiente"...
Depois dum dia cheio, a fazer Paris a pé, jantamos no Trocadero com vista para a Torre Eiffel. Assistimos a um pedido de casamento, por baixo da Torre, bem no centro. Um jovem casal enamorado.Voltamos para o hotel. Cheia de vontade de estrear o novo japamala do Buda da medicina, fiz os meus mantras no quarto do hotel, quando começaram a surgir os telefonemas e mensagens a perguntar se estávamos bem. As noticias eram parcas e muito vagas e so algum tempo depois percebemos a gravidade da situação e o banho de sangue que acontecera uns quarteiros acima... Depois do estado de choque , as palavras da senhora da loja de artesanato tibetano ecoavam na minha mente... Numa época em que inocentes são chacinados apenas porque pensam diferente, vivem de forma diferente, rezam a um Deus diferente propagar amor, orações,
nunca é suficiente.
O amanha não está garantido para ninguem...se o atentado tivesse sido mais cedo poderiamos ter sido nos a perder a vida... Passamos pela zona do atentado horas antes, e partilhamos a rua com as familias parisienses que no final do dia brincavam nos parquinhos com as suas crianças pequenas.
Tomei consciencia , mais uma vez, que a vida é sagrada e que cada dia deve ser vivido sendo e dando o meu melhor, a cada momento, nem que seja por respeito a todos os que a perderam a lutar por uma humanidade melhor.
Quando embarquei para Paris, pensei em que medida esta viagem mudaria a minha consciencia. Foi uma experiencia de extremos em que presenciei o melhor e o pior da humanidade. A genial beleza artistica e cultural, a violencia e o odio fundamentalista.
A lição que trouxe bem gravada no meu coração, foi
jamais me excluir dum ato de bondade por menor ou aleatorio que seja. Jamais!
Porque apenas com
amor e acção positiva, tanto odio e violencia poderão ser um dia extintos.
OM SHANTI, EU SOU PAZ