quarta-feira, 13 de março de 2013

E8-C7



Até poderia ser, mas não é um jogo de batalha naval. São: o número da enfermaria e o número da cama do hospital , onde estive internada.
Bem...Omitindo as partes mais dramáticas e emocionais (que ficam entre mim e aquele que tem sido o meu companheiro desta vida), restam os episódios caricatos e a humanidade que se vive naquele lugar. Fui extremamente bem acolhida pelas equipas que tiveram toda a atenção e até empatia com a minha situação, curiosamente , fui mais bem tratada num episódio de morte que de vida. Incrível, a dinâmica que se vive naquele hospital, a entrega , o acumulo de trabalho daquelas equipas e a capacidade de dar um apoio emocional mesmo entre cansaço e falta de tudo.

O momento do bloco operatório... Após algumas breves perguntas o médico injectou-me um calmante e avisou-me que poderia sentir-me atordoada, que era normal...Ainda ví as luzes circulares e fortes que iluminam o bloco, respirei um pouco do que me foi indicado que era oxigénio e, quando voltei a abrir os olhos estava numa sala ao lado, da mesma forma como tinha entrado no bloco. Achei que ainda estava em espera para ser intervencionada...Afinal, ninguém me disse para contar de forma regressiva como vemos nos filmes! :D Pensei que alguma urgencia teria surgido e ainda estava à espera da minha vez...
Já estava era à espera para ir para a enfermaria! E ouvia as enfermeira a falarem dos sobrinhos e depois percebi que estavam a monitorizar a minha tensão arterial que ainda estava muito baixa. Uma das enfermeiras veio falar comigo:

-Está a sentir-se bem?
-Sim. Correu tudo bem ?
-Sim, correu tudo bem.A senhora é optimista por natureza, não é?
-Tento ser...
-É que a senhora estava a sorrir enquanto descansava..
-Não me lembro de nada...

Na enfermaria fui acompanhada regularmente durante toda a noite por causa da tensão arterial.Felizmente, de manhã, consegui um 9,7 (quase 10) , o que permitiu poder sair do hospital. Fiquei na enfermaria com mais 5 senhoras. Umas aguardavam cirurgia e outras estavam em recuperação. A senhora que ficou na cama ao lado da minha, a numero 8, veio do Porto Santo. A meio da noite ouviu o aparelho de monitorização a apitar desenfreadamente e aflita perguntou se precisava de ajuda , se queria que chamasse alguém...E eu ainda completamente atordoada agradeci e disse que não era necessario. Afinal o aparelho apitava porque estava a ficar sem bateria. :D  Mas aquele gesto tocou-me a alma...Sem me conhecer de lado algum, em situação ainda pior que a minha, não hesitou em oferecer a sua ajuda...E ficamos mais próximas...De manhã, quando pude levantar-me emprestei-lhe a minha força para mover uma cadeira que estava a atrapalhar a sua passagem... E ofereci a minha ajuda na hora de almoço. Porque os seres humanos são assim...na hora da adversidade gera-se uma empatia e uma cooperação que não se explica...

O apoio dos amigos e da familia foi fundamental nesta fase. Aqueles que me têm acompanhado já há largas décadas, que assistiram aos meus sucessos e às minhas quedas, mais uma vez estiveram ao meu lado, oferecendo-me força, inspiração, fazendo as suas orações por mim. Inspiraram-me a ficar mais calma, mais serena, nos momentos mais difíceis, sentindo que estiveram sempre comigo, também pensamento, desejando-me o melhor...

Imensamente grata fico a todos voces! Admiro-vos muito, e valorizo muito a vossa amizade.



4 comentários:

Unknown disse...

Parece que aconteceu algo que aqui deste lado ninguém soube...

Nós por aqui estamos preocupados, fala com a Carla.

Beijinhos e as melhoras.

Liilavati disse...

Primo,foi tudo muito rápido nao deu tempo para avisar.ja consegui falar c a Carla...ela nao tinha o telemóvel com ela e o meu estava no silencio. Esta tudo bem, grazie pela preocupação .beijinhos para voces

Anônimo disse...

Os melhores Seres, são sempre aqueles que passam por provações muito grandes...
Tu não és excepção!!!
Beijo enorme, e rápida recuperação...

Liilavati disse...

:D grazie tante, anonimo...Tive muito apoio e sinto uma profunda gratidão por isso...

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  “Protegei-me da sabedoria que não chora, da filosofia que não ri e da grandeza que não se inclina perante as crianças.”  Khalil Gibran